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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cambalhotas

É muito curioso ver as " cambalhotas" que o dr Mario Soares dá .
Venerador, atento e obrigado em 1983 para c/ o FMI ( era então P. M. do Governo do " bloco central") retirou mais de 20% do poder de compra das famílias portuguesas ,por via do maquiavelico mecanismo desvalorização cambial/inflacção. Conviveu com os salarios em atraso, as bandeiras pretas, e apoiou, c/ sentido de Estado e sem hesitações,  o seu Ministro das Finanças de então - o saudoso Professor Ernani Lopes .
Foi um dos últimos a pressionar pessoalmente ( dizem que aos gritos ) José Socrates para que pedisse o RESGATE á Troika , em Abril do ano passado, para evitar a bancarrota iminente.
E agora é o primeiro subscritor de uma espécie de manifesto arrogante e deslocado, qual dono da democracia no nosso País, a exigir a mudança da política de ajustamento ( vulgo " austeridade ") .
Ao contrario de 1983 e de outras ocasiões,  não foram, certamente, "razões de Estado " a inspirar tamanha aberração .

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Prezada Senhora Merkel

A sua visita a Portugal  correu para alem das melhores expectativas .
Ficou, mais uma vez, demonstrado que o povo Português ( designadamente o de Lisboa ) é muito mais sensato e inteligente do que alguns pretensos liders imaginam .
Foi muito bom que os protestos fossem  contidos e que não se tenham registado os incidentes que os magotes de jornalistas nacionais e estrangeiros anteviam e desejavam. Para isso contribuiu o sentido de responsabilidade de alguns editorialistas e comentadores mais seniores que mostraram o erro e a inconsequencia que seria mostrar- lhe e ao mundo a face negra dos protestos mais radicais em Portugal .
Não por acaso, a comitiva empresarial que a  acompanhou  era de primeira água o que se deve, sem dúvida, á sua intervenção . Foi a melhor forma de a Chanceler pôr em evidencia o como resolver os graves problemas económicos que afectam a economia portuguesa ou seja através de mais investimento empresarial , designadamente estrangeiro (e Alemão) , em alternativa ao investimento público .
As empresas Alemãs em Portugal tiveram , têm e terão uma importancia que vai muito para além das estatísticas do investimento e do emprego. São os métodos de trabalho e de gestão , o elevado grau de disciplina, a excelencia da formação , a inovação tecnológica , a importancia dada ás relações industriais / negociação laboral nas empresas etc que resultam na qualidade reconhecida dos produtos fabricados e dos serviços prestados.
É neste contexto que vale a pena apresentar-lhe algumas propostas para aumentar as possibilidades de sucesso do nosso Programa de Ajustamento que agora conhece a sua 6º avaliação .
A experiência destes 18 meses demonstrou que tinham razão os que, desde o inicio, ( como Paul Thomsosn do FMI e , por exemplo, o Forum para a Competitividade, em Portugal ) preconizavam medidas de apoio á competitividade da economia , a par com as inescapáveis medidas de austeridade . Tais medidas de apoio , como a desvalorização fiscal ( redução da TSU / aumento do IVA ), eram e são essenciais para promover a reorientação das empresa a operar em Portugal para melhores padrões de competitividade e internacionalização .
Sabendo-se que o processo de Reformas em Portugal está confrontado com limites Constitucionais difíceis de ultrapassar, é indispensavel que o Conselho Europeu e a Comissão Europeia viabilizem algumas medidas como , por exemplo,  uma desvalorização fiscal relevante , ainda que limitada aos sectores produtores de bens e serviços transaccionaveis ( sujeitos á concorrencia internacional ).
Precisamos , por outro lado, de poder criar uma taxa especial de IRC para os novos investimentos das empresas residentes e não residentes que permita a Portugal destacar- se entre os Países que necessitam desses investimentos "como pão para a boca ", o que tambem precisa do seu apoio e compreensão.
Precisavamos , também,  que a Troika aceitasse afectar a um plano de rescisões amigaveis de Funcionarios Publicos , os milhares de milhões de Euros que estão cativos no ambito do Programa de Ajustamento a eventuais problemas na Banca . Esse plano permitiria reduzir o defice orçamental de forma sustentada sem aumentar o valor global do Programa .
Finalmente parece-nos razoavel pedir-lhe que promova a ampliação  do prazo do Programa de Ajustamento e que os respectivos juros sejam ainda mais reduzidos em homenagem a um princípio de solidariedade e de coesão europeia fazendo com que os Países da " periferia " beneficiem , ainda que só em parte, das taxas que os mercados cobram aos do " centro ".
Por agora é tudo .
 Agradecendo a sua atenção envio-lhe os meus melhores cumprimentos .

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Objectivos, prazos e avaliação ...

Quando me propuz iniciar estas publicações e criar um Blog foi, entre outras razões, para mostrar o modo de ver empresarial sobre a realidade económica e social .
Tenho-me apercebido ao longo dos anos que, embora a realidade seja uma só , a percepção que temos sobre essa realidade é muito diferente de grupo para grupo e de pessoa para pessoa .
Quando analisámos o MOU - Memorandum of Understanding , celebrado entre o Governo de então e a Troika , ficou claro , desde logo , que este era um compromisso sério, c/ um conjunto de objectivos , de medidas e de prazos e não apenas um elenco de medidas " para ir fazendo " conforme as possibilidades e as oportunidades .
Uma realidade a que, na vida empresarial, estamos habituados mas de que os políticos fogem " como o diabo da cruz ". Lembro-me , a propósito , ter lido ( há anos atrás ) declarações espantosas de um alto responsavel de uma importante Autarquia dizer que " em promessas calendarizadas e quantificadas é que não me apanham "... exemplar !
Pelo contrario , na vida empresarial, um programa é um conjunto de objectivos quantificados , um complexo de medidas calendarizadas e uma avaliação sistemática dos progressos ( e falhas ).
Fora disto, pode haver boas intenções, planos vagos, conversa fiada ... mas não um programa de trabalho sério e fiável.
Ora a Troika mostrou , desde logo, que não estava em Portugal para " conversas ". Montou um verdadeiro programa de trabalho ( com os tais objectivos, prazos e avaliações sistemáticas ). Como é normal, não é uma lista de medidas imutavel ( como tem defendido o PS ) é um programa dinâmico que tem de se ir adaptando á realidade e ás transformações que o próprio programa vai provocando .É isso que acontece nas avaliações trimestrais do programa.
E muito se enganam aqueles políticos ( como figuras importantes do PS ) que pensam que podem ultrapassar à má fila os representantes da Troika que estão e vêm a Portugal regularmente, curto circuitando-os junto das altas figuras da política Europeia . O recurso á " cunha " de alto nível é de tempos que já la vão - tempos mais " políticos " e menos "financeiros ".
 Os tempos hoje são de rigor . " Mon ami Miterrand " passou definitivmente á história .

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Apologia da Sensatez

Ao ler na comunicação social, as declarações dos nossos agentes políticos dou comigo, com crescente frequencia, a pensar se a crise que temos não será, sobretudo, uma crise de ( falta ) de sensatez.
Desde logo pela recusa em aprender com os erros do passado e em reconhecer que o País tem efectivamente que mudar de políticas e de estratégia se quer sair das enormes dificuldades em que se encontra .
Não foi assim há tanto tempo, cerca de ano e meio, que nos vimos forçados a pedir um resgate para evitarmos a bancarrota .Quem o pediu foi o Governo da altura liderado pelo então PM José Socrates sob pressão dos mercados financeiros e do ministro das Finanças , Teixeira dos Santos , alguem sensato no meio da esquizofrenia generalizada dos ultimos tempos do Governo PS em que saltitavamos dos mega projectos para a falencia iminente  em poucas horas ...
Fizeram-se, em seguida,  eleições gerais e foi empossado um Governo de coligação que tem um mandato para cumprir até 2015 ! Será sensato falar já em eleições ( antecipadas ) e em "ilegitimidade" deste Governo ? Francamente não ! Ainda que discordemos de algumas personalidades que o compoem e das prioridades que foram definidas .
Chegámos agora ao momento em que , num arranque de sensatez, o Governo reconheceu aquilo que personalidades como H. Medina Carreira vêm defendendo há vários anos :- Que a recuperação da sustentabilidade das Finanças Públicas em Portugal , depende de um novo paradigma de Estado Social.
Que novo paradigma é esse ? Seria errado pensar que tudo se resume a cortes no investimento público que é feito no Sector Social . Não se trata de fazer mais do mesmo que tem sido feito- cortes nos rendimentos dos Fncionários e pensionistas . Trata-se sim de encontrar novas formas de funcionamento que permitam economizar nos meios para não cortar , tanto quanto possivel , nos benefícios . Por exemplo o cheque ensino ou o seguro de saúde, comparticipados progressivamente pelo Estado, de acordo com os rendimentos de cada um, com liberdade de escolha da escola ou do estabelecimento hospitalar .
A sensatez obriga a que ninguem se auto exclua deste debate e muito menos os Partidos que são quem , em primeira mão, tem a responsabilidade pelas opções governativas de agora e do futuro .
 A não ser que , sem nos dizerem , já tenham suspendido a democracia .