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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Nós e a Crise Política ( 1 )

                                                   

Quando a meio da tarde de dia 1 de Julho de 2013 ( 2º feira ) se soube do pedido de demissão de Vitor Gaspar do cargo de Ministro de Estado e das Finanças percebeu-se, subitamente, que algo de grave se estava a passar na cena política.

O pedido de demissão do Ministro, só por si, já seria preocupante. Mais ainda tratando-se de um Ministro central no processo político, interna e externamente. Muito mais sendo essa demissão acompanhada de uma carta justificativa que ia muito para além disso, já que era uma denuncia política de factos perturbadores de aspectos prioritarios do programa de ajustamento financeiro do País.
Sem o mencionar diretamente, a carta apontava de forma clara para o outro Ministro de Estado como principal responsavel pela não conclusão atempada da já famosa "7ª avaliação"...

Nas horas seguintes, percebeu-se que o Primeiro Ministro já tinha um substituto para o cargo. Uma substituta, mais concretamente. A solução mais adequada a manter o rumo da estratégia de consolidação orçamental e a solução que dava mais garantias de eficácia nas difíceis negociações com a Troika, o que se compreende dado que estamos a 15 dias do inicio da 8ª avaliação.
A saída de Vitor Gaspar, como foi explicado,  já não era assunto "virgem" sendo a 3ª vez que o Ministro apresentava a demissão.

O principal visado pelas denúncias de Gaspar terá ficado a matutar nas movimentações do ex Ministro das Finanças e, mais ainda, na solução encontrada pelo Primeiro Ministro para a substituição - uma solução de continuidade e não de rotura com a estratégia de consolidação como, aparentemente,  pretendia. Tudo reflectido, logo no dia seguinte, dia 2, (antes da tomada de posse da nova Ministra das Finanças) apresentou públicamente a demissão irrevogável sem dizer nada a ninguém nem do seu próprio Partido. Uma movimentação puramente individual, ao que parece...

Quarta feira dia 3, oito da manhã. Instala-se o pânico na Bolsa de Valores; nos mercados os investidores descarregam precipitadamente dívida portuguesa. As taxas de juro ultrapassam os 8%, em alta de mais de  2% face ao dia anterior. Na Comunicação Social internacional saem notícias pouco abonatórias para os agentes políticos portugueses e para a capacidade de o País continuar, com sucesso, o ajustamento económico e financeiro .

 Ainda no mesmo dia os Partidos de esquerda reclamam eleições antrecipadas, com agendas mais ou menos anti Troika, sem avaliarem as consequencias reputacionais para o País e para o calendario do processo de resgate.  Porventura  para o financiamento da economia e, no limite, para a solvência do País.

Quinta feira dia 4 (hoje). Perante a pressão da opinião pública nacional e dos responsaveis internacionais os principais agentes políticos tentam "colar os cacos" da credibilidade nacional .

Deste processo, longe de ter terminado, podem retirar-se, desde já, alguns ensinamentos:

1.As lógicas e as "narrativas" dos políticos que temos, as suas ideossincresias e narcisismos, sobrepoem-se ao interesse nacional, sem contemplçações;

2. As responsabilidades com o processo de resgate não estão assumidas por todos os agentes políticos por igual sendo justificadas as preocupações nacionais e  internacionais a este respeito;

3.O Presidente da República faz bem em acautelar a formula que vai ser encontrada para garantir o funcionamento da coligação face à fraca qualidade institucional já evidenciada pelos protagonistas e à importancia da fase seguinte do processo de ajustamento - a Reforma do Estado, ainda não iniciada .

Continuaremos, em proximo capítulo, a acompanhar esta fase crucial da nossa história contemporanea.

4/7/2013 - 23,45 h


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