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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Prezada Senhora Merkel

A sua visita a Portugal  correu para alem das melhores expectativas .
Ficou, mais uma vez, demonstrado que o povo Português ( designadamente o de Lisboa ) é muito mais sensato e inteligente do que alguns pretensos liders imaginam .
Foi muito bom que os protestos fossem  contidos e que não se tenham registado os incidentes que os magotes de jornalistas nacionais e estrangeiros anteviam e desejavam. Para isso contribuiu o sentido de responsabilidade de alguns editorialistas e comentadores mais seniores que mostraram o erro e a inconsequencia que seria mostrar- lhe e ao mundo a face negra dos protestos mais radicais em Portugal .
Não por acaso, a comitiva empresarial que a  acompanhou  era de primeira água o que se deve, sem dúvida, á sua intervenção . Foi a melhor forma de a Chanceler pôr em evidencia o como resolver os graves problemas económicos que afectam a economia portuguesa ou seja através de mais investimento empresarial , designadamente estrangeiro (e Alemão) , em alternativa ao investimento público .
As empresas Alemãs em Portugal tiveram , têm e terão uma importancia que vai muito para além das estatísticas do investimento e do emprego. São os métodos de trabalho e de gestão , o elevado grau de disciplina, a excelencia da formação , a inovação tecnológica , a importancia dada ás relações industriais / negociação laboral nas empresas etc que resultam na qualidade reconhecida dos produtos fabricados e dos serviços prestados.
É neste contexto que vale a pena apresentar-lhe algumas propostas para aumentar as possibilidades de sucesso do nosso Programa de Ajustamento que agora conhece a sua 6º avaliação .
A experiência destes 18 meses demonstrou que tinham razão os que, desde o inicio, ( como Paul Thomsosn do FMI e , por exemplo, o Forum para a Competitividade, em Portugal ) preconizavam medidas de apoio á competitividade da economia , a par com as inescapáveis medidas de austeridade . Tais medidas de apoio , como a desvalorização fiscal ( redução da TSU / aumento do IVA ), eram e são essenciais para promover a reorientação das empresa a operar em Portugal para melhores padrões de competitividade e internacionalização .
Sabendo-se que o processo de Reformas em Portugal está confrontado com limites Constitucionais difíceis de ultrapassar, é indispensavel que o Conselho Europeu e a Comissão Europeia viabilizem algumas medidas como , por exemplo,  uma desvalorização fiscal relevante , ainda que limitada aos sectores produtores de bens e serviços transaccionaveis ( sujeitos á concorrencia internacional ).
Precisamos , por outro lado, de poder criar uma taxa especial de IRC para os novos investimentos das empresas residentes e não residentes que permita a Portugal destacar- se entre os Países que necessitam desses investimentos "como pão para a boca ", o que tambem precisa do seu apoio e compreensão.
Precisavamos , também,  que a Troika aceitasse afectar a um plano de rescisões amigaveis de Funcionarios Publicos , os milhares de milhões de Euros que estão cativos no ambito do Programa de Ajustamento a eventuais problemas na Banca . Esse plano permitiria reduzir o defice orçamental de forma sustentada sem aumentar o valor global do Programa .
Finalmente parece-nos razoavel pedir-lhe que promova a ampliação  do prazo do Programa de Ajustamento e que os respectivos juros sejam ainda mais reduzidos em homenagem a um princípio de solidariedade e de coesão europeia fazendo com que os Países da " periferia " beneficiem , ainda que só em parte, das taxas que os mercados cobram aos do " centro ".
Por agora é tudo .
 Agradecendo a sua atenção envio-lhe os meus melhores cumprimentos .

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