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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Halloween Português *

A cena política actual lembra-nos um mega evento de Halloween!
Os actores apresentam-se todos mascarados e cada um mais horrível do que o seu vizinho.
Dir-se-ia que todos, propositadamente, acrescentaram fealdade,  defeitos, tiques e trejeitos aos que já eram seus para os vizinhos impressionar.
A sessão de 3ª feira última na  Assembleia da República (1º dia da discussão na generalidade do OE 2013) foi um "happening" de desconcerto, falta de correcção e demagogia, dignos da quadra que atravessamos.
Numa altura em que os Portugueses, individual e colectivamente,  estão confrontados com um combate tremendo e sujeitos a verdadeiras "bombas" económicas e sociais era exigível aos actores que trocassem as máscaras de estilo por posturas mais dignas.
A discussão intensificou-se quando veio à baila o novo "escândalo nacional"- A Refundação do ajustamento " ou (sem máscara) a discussão sobre o Estado Social que temos e sobre o que podemos ambicionar continuar a ter.
É minha convicção estar esta discussão atrasada, pelo menos,  dois anos e meio. Devia ter sido iniciada pelo "mascarado mor" José Sócrates quando os sucessivos PEC's ditaram as primeiras medidas de reformulação de elementos do "Estado Social" como, por exemplo, a adopção do coeficiente de sobrevivência que ajusta as reformas à esperança de vida.
Quem tomou (e bem) estas medidas sabia já que não seriam as últimas e é lamentável que nem o Governo anterior nem  o actual (por maioria de razão face à sua matriz programática)  tenham apresentado um diagnóstico rigoroso e actualizado sobre a sustentabilidade e de todo o complexo Estado Social.
A elaboração, publicação e discussão de um "livro branco" sobre esta temática,  com a participação de técnicos nacionais e estrangeiros credenciados internacionalmente possibilitaria uma discussão "não Halloweenesca", diferente daquela a que estamos a assistir em que a posição de cada um dos actores é desajustada no tempo e no espaço.
Não meus senhores! A política não é uma mascarada. Não pode ser um teatro de enganos, de mau gosto, em que apenas se tenta impressionar o espectador. A minha esperança é que, apesar da recente popularidade da quadra, os cidadãos exijam aos actores políticos muito mais sentido da responsabilidade e de cooperação institucional.

* Ao mesmo tempo que ontem na TVI24 Luís Marques Mendes anunciava que técnicos do FMI já estavam em Portugal a acessorar o Governo na elaboração de um programa de redução estrutural da despesa pública, eu, sem o saber, estava num post do meu Blog "o Persistente", a propor uma solução parecida: a publicação de um "livro branco" sobre o Estado Social desejável e sustentável, com a participação de técnicos reconhecidos internacionalmente. Esclareço que não falei nem com o Governo nem com o Luís Marques Mendes...

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